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Pintura de Miguel de Cervantes |
Miguel de Cervantes Saavedra nasceu em Alcalá de Henares (Espanha), estimadamente em 29 de setembro de 1547 (naquela época o calendário Gregoriano ainda não havia sido aplicado amplamente). Ele era um grande romancista, dramaturgo e poeta castelhano. A sua principal obra, Dom Quixote, é considerada o primeiro romance moderno, um clássico da literatura ocidental e é regularmente considerada um dos melhores romances já escritos. Sua influência também é grande sobre a língua castelhana, idioma que frequentemente é chamado de ‘La lengua de Cervantes’ (A língua de Cervantes).
Miguel publicou as aventuras do engenhoso fidalgo Dom Quixote de La Mancha quando tinha 58 anos, consagrando-se no universo literário, o que lhe permite dedicar-se exclusivamente ao ofício. Neste livro ele eterniza um personagem que se torna patrimônio da humanidade, o fidalgo Dom Quixote, junto a seu fiel escudeiro, Sancho Pança, e à sua amada Dulcinéia. Seu nome transforma-se inclusive em adjetivo, ‘quixotesco’, do qual as pessoas se valem quando desejam se referir a alguém sonhador e repleto de ideais.
O imediato sucesso desta narrativa permite a Cervantes lançar suas Novelas Exemplares, compostas por 12 contos, em 1613, obra seguida por Viagem ao Parnaso, de 1614, e de uma coletânea de suas melhores produções teatrais, Oito Comédias e Oito Intermédios, de 1615.
Em 1614 aparece uma falsificação de sua obra, uma suposta seqüência de seu livro, perpetrada por Alonso Fernández de Avellaneda. Indignado, Cervantes lança, em 1615, uma continuação de sua obra-prima - O engenhoso cavaleiro dom Quixote de La Mancha -, com um tom agora mais irônico. Suas peças mais conhecidas atualmente, A Numancia e O trato de Argel, só foram lançadas no século XVIII.
Miguel de Cervantes morreu em Madrid, no dia 23 de abril de 1616, coincidentemente no mesmo dia que morria William Shakespeare. Um ano depois surge postumamente duas novelas Os trabalhos de Persiles e Sigismunda.
A LPP - Livros, Poemas e Poesias trouxe para vocês algumas passagens de Miguel de Cervantes, confira:
"A liberdade é um dos dons mais preciosos que o céu deu aos homens. Nada a iguala, nem os tesouros que a terra encerra no seu seio, nem os que o mar guarda nos seus abismos. Pela liberdade, tanto quanto pela honra, pode e deve aventurar-se a nossa vida."
“Não existe maior loucura no mundo do que um homem entrar no desespero.”
"Amor e desejo são coisas diferentes. Nem tudo o que se ama se deseja e nem tudo o que se deseja se ama."
“A humildade é a base e o fundamento de todas as virtudes e sem ela não há nenhuma que o seja.”
“A riqueza, não se mede pelos bens que se possui, mas sim pelo bem que se faz.”
“Ah, memória, inimiga mortal do meu repouso!”
“O amor não é senão o desejo; e assim, o desejo é o princípio original de que todas as nossas paixões decorrem, como os riachos da sua origem; por isso, sempre que o desejo de um objeto se acende nos nossos corações, pomo-nos a persegui-lo e a procurá-lo e somos levados a mil desordens.”
"Tolo e muito tolo é aquele que, ao revelar um segredo a outra pessoa, pede-lhe encarecidamente que não o conte a ninguém."
"Que o papel fale e que a língua se cale."
"A inveja vê sempre tudo com lentes de aumento que transformam pequenas coisas em grandiosas, anões em gigantes, indícios em certezas."
"Assim como o mentiroso está condenado a não ser acreditado quando diz a verdade, é privilégio de quem goza de boa reputação ser acreditado mesmo quando mente."
“Entre os pecados maiores que os homens cometem, ainda que alguns digam que é a soberba, eu digo que é a falta de agradecimento.”
“A liberdade, Sancho, é um dos mais preciosos dons que os homens receberam dos céus. Com ela não podem igualar-se os tesouros que a terra encerra nem que o mar cobre; pela liberdade, assim como pela honra, se pode e deve aventurar a vida, e, pelo contrário, o cativeiro é o maior mal que pôde vir aos homens.”
“Quanto mais eu, que nu nasci, me encontro nu: nem perco e nem ganho.”
Quem deixará, do verde prado umbroso
Tradução de Anderson Braga Horta
"Quem deixará, do verde prado umbroso,
as frescas ervas e as lustrais nascentes?
Quem, de seguir com passos diligentes
a solta lebre, o javali cerdoso?
Quem, com o canto amigo e sonoroso,
não prenderá as aves inocentes?
Quem, nas horas da sesta, horas ardentes,
não buscará nas selvas o repouso,
por seguir os incêndios, os temores,
os zelos, iras, raivas, mortes, teias
do falso amor que tanto aflige o mundo?
Do campo são e hão sido meus amores,
rosas são e jasmins minhas cadeias,
livre nasci, e em livre ser me fundo."
A Ciganinha
Tradução de José Jeronymo Rivera
"Quando Preciosa a pandeireta toca,
e fere o doce som os ares vãos,
pérolas são que espalha com suas mãos,
flores são que arremessa de sua boca.
A alma fica suspensa, a mente louca
aos atos sobrehumanos sem ação,
que por limpos, honestos e por sãos
sua fama lá no céu mais alto toca.
Pendentes do menor de seus cabelos
mil almas leva, e ajoelhado tem
Amor, que uma e outra flecha aos pés lhe deita:
cega e ilumina com seus raios belos,
seu trono Amor por eles se mantém,
e mais grandezas de seu ser suspeita."
Soneto-oração
Tradução de Anderson Braga Horta
"A Ti recorro, grão Senhor, que alçaste,
à custa de teu sangue e tua vida,
a mísera de Adão primeira caída,
e onde ele nos perdeu, lá nos cobraste;
a Ti, Pastor bendito, que buscaste
dentre as cem ovelhinhas a perdida,
e, encontrando-a do lobo perseguida,
sobre os teus ombros santos a deitaste.
A Ti recorro na aflição amarga,
e a Ti cabe, Senhor, o dar-me ajuda:
cordeiro sou de teu aprisco ausente
e temo que na via estreita ou larga,
quando a meu mal teu braço não acuda,
venha alcançar-me essa infernal serpente."
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